sexta-feira, 1 de julho de 2011

"A Unidade" - Papus

«O Universo concebido como um todo animado, é composto de três princípios: a Natureza, o Homem e Deus, ou, empregando a linguagem dos hermetistas: O Macrocosmo, o Microcosmo e o Arquétipo.

O homem é chamado de microcosmo, ou pequeno mundo, porque ele contém analogicamente em si as leis que regem o universo.

A natureza forma o ponto de apoio e o centro de manifestação geral dos outros princípios.

O homem influindo sobre a natureza pela acção, sobre os outros homens pela palavra e elevando-se até Deus pela prece e pelo êxtase, constitui o elo que une a criação ao Criador.

Deus, envolvendo na sua acção providencial as regiões onde se desenvolvem livremente os outros princípios, domina o universo, cujas partes reúne na unidade de direcção e acção.

Deus manifesta-se no universo pela acção da Providência que ilumina o caminho do homem, sem que, dinamicamente, possa opor-se ao efeito das duas outras forças primordiais.

O Homem manifesta-se no universo pela acção da vontade que lhe permite lutar contra o Destino e fazer deste o instrumento de suas concepções. Na aplicação de suas volições ao mundo exterior, o homem tem toda a liberdade de fazer apelo às luzes da Providência ou de desprezar-lhe a acção.

A natureza manifesta-se no universo pela acção do Destino, que perpetua de uma maneira imutável e em uma ordem estritamente determinada, os tipos fundamentais que constituem a sua base de acção.

Os factos são do domínio da natureza, as leis, do domínio do homem, e os princípios, do domínio de Deus.

Deus não criou nunca senão em princípio. A natureza desenvolve os princípios criados para constituir os factos, e o homem, estabelecendo, pelo emprego que faz sua vontade das faculdades que ele possui, as relações que unem os factos aos princípios, transforma e aperfeiçoa estes factos pela criação das leis.

Mas um facto, por muito simples que seja, é sempre a tradução pela natureza de um princípio emanado de Deus, e o homem pode sempre restabelecer o elo que prende o facto visível ao princípio invisível, e isto pela enunciação de uma lei.»

Papus 
in "Tratado Elementar de Magia Prática"

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