domingo, 29 de janeiro de 2012
«A magia, por consequência, combina numa única ciência o que é mais certo na filosofia, o que é eterno e infalível na religião. Reconcilia perfeitamente e incontestavelmente estes dois temas, tão opostos à primeira vista - crença e razão, ciência e convicção, autoridade e liberdade. Fornece ao espírito humano um instrumento de certeza filosófica e religiosa tão exacto como a matemática, e mesmo os princípios teóricos para a infabilidade da matemática.»
Eliphas Levi
Eliphas Levi
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
«A magia é uma faculdade de virtude maravilhosa, cheia dos maiores mistérios, contendo a contemplação mais profunda da maior parte das coisas secretas, juntamente com a natureza, poder, qualidade, substância e virtudes, possui também o conhecimento de toda a natureza e instrui-nos no que diz respeito à diferença e à harmonia entre as coisas, daí produz os seus maravilhosos efeitos, unificando as virtudes das coisas através da sua aplicação umas às outras, e para os seus assuntos inferiores adequados, juntando e ligando-os minuciosamente pelos poderes e virtudes dos corpos superiores. Esta é a mais perfeita, a ciência mestra, que foi consagrada, e o tipo de filosofia mais sublime, e por fim a perfeição absoluta de todas as filosofias mais eminentes.»
Henry Cornelius Agrippa
in "Três Livros da Filosofia Oculta"
Henry Cornelius Agrippa
in "Três Livros da Filosofia Oculta"
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
sábado, 21 de janeiro de 2012
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
O Encoberto
"O Encoberto" por Lima de Freitas
D. SEBASTIÃO, REI DE PORTUGAL
Louco, sim, louco, porque quis grandeza
Qual a Sorte a não dá.
Não coube em mim minha certeza;
Por isso onde o areal está
Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem
Com o que nela ia.
Sem a loucura que é o homem
Mais que a besta sadia,
Cadáver adiado que procria?
Fernando Pessoa
in "Mensagem"
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
«Deus contempla-Se no espelho das Águas porque Ele "era um tesouro escondido": vê nelas a Sua imagem reflectida. O homem é essa Imagem, mas imagem em queda, de cabeça para baixo, reflexo precário e amnésico nas "águas do Nilo", efémero como o correr do rio que é também o correr do tempo. Narciso enamorou-se da sua própria imagem no mesmo espelho das águas e o seu mito esconde - e revela! - a mesma nostalgia, a mesma saudade do Ser que se transformou em pálido reflexo de Si próprio, que todavia se reconhece nesse reflexo e no reflexo procura, ansioso, exultante, a origem divina, a Face que esconde a sua Face. Assim dividido e separado do seu ser, o âmago mais fundo do Eu precipita-se, loucamente, ao encontro de si próprio, em direcção a uma fusão sempre prometida mas jamais alcançada, no fluxo do tempo que foge, do tempo que é, ele próprio, a mesma queda e o mesmo esquecimento da Face. E eis que cresce a angústia da criatura, a surda saudade que lhe oprime o coração e nele faz nascer a impaciência de um algures diferente, de uma outra claridade, de uma aurora definitiva. Um pouco mais e esse sentimento de privação será sentido como reminiscência do Um sem dois, Nar-ciso antes da cisão. Começa aí a palinódia que inverte a fatalidade do movimento "para o mar" e faz correr o rio para a sua nascente.»
Lima de Freitas
«Tudo o que assim se encontra, reflecte-se, exprime-se apenas pela sua própria imagem ou pelo seu nome, pelo qual é nomeado e graças ao qual é conhecido; desse modo, o pintor ou o escultor produzem uma imagem na qual não acabam de se perder, ao mesmo tempo que se reencontram, e graças à qual se renovam, incessantemente, ao produzir-se.»
Franz von Baader
Franz von Baader
«É ao sair desse indizível Ungrund [primeiro acontecimento] que Deus se concebe a Si próprio como sujeito, se opõe a Si próprio, em Si próprio engendra um infinito de ideias e de pensamentos. Apreensão ou tomada de consciência, possível graças a um elemento mediador - a primeira de todas as mediações - que é um espelho, o qual já não é completamente Deus e Lhe é de algum modo exterior, mas permite-Lhe conhecer-Se na sua multiplicidade, através da infinidade de objectos que O encarnam já, revelando-Lhe a sua fecundidade infinita. Esse espelho ou esse olho, é Sophia, a Sabedoria divina.»
Antoine Faivre
Antoine Faivre
«O espelho é, por certo, o lugar de aparição das formas que são vistas nesse espelho, mas essas formas estão aí, elas próprias, "em suspenso"; não estão aí como uma coisas material, num lugar do espaço, nem como um acidente no seu substracto. A imaginação activa é, por certo, o lugar de aparição das formas imaginativas, mas essas formas, em si mesmas, estão "em suspenso"; não estão nem nesse lugar nem nesse substracto. Ora, se no caso dos espelhos admitimos, sem dificuldade, a existência de uma imagem autónoma, embora ela seja toda em superfície, sem profundidade nem costas, enquanto aquilo de que ela é a imagem (isto é, a forma acidental de Zayd, por exemplo, imanente à sua matéria) é um acidente, teremos de admitir, a fortiori, a existência de uma quididade substancial, a do arquétipo (substancial, com efeito, já que independente de todo o substracto), apresentando uma imagem acidental (a forma de Zayd imanente à sua matéria). Ora, a luz imperfeita segue o exemplo da luz perfeita. Compreende.»
Shihâboddin Yahyâ Sohrawardî
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
«Os Egípcios representavam a natureza do Todo universal como o mais belo triângulo. (...) Esse triângulo comporta a parte vertical, como tendo três comprimentos, uma parte de base de quatro comprimentos e uma hipotenusa de cinco comprimentos (...). Poderá comparar-se a linha vertical ao elemento masculino, a linha de base ao feminino e a hipotenusa ao que deles nasceu, e conceber-se Osíris como origem, Ísis como concepção e Hórus como o nascimento.»
Plutarco
in "De Iside et Osiride"
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
«Esta "Virgem" é a representação imaginativa de uma ciência supra-sensível que provém dos mundos espirituais, enquanto que o saber das sete "Artes liberais" se adquire no plano do sensível. De uma maneira um tanto enigmática, esta "Virgem" indica o seu nome: Alquimia. Andreae quer mostrar que a alquimia é uma ciência bem diferente daquelas que dependem da consciência vulgar. O alquimista, segundo Andreae, maneja as substâncias e as forças materiais, não para conhecer as suas reacções no mundo físico, mas porque quer fazer surgir um elemento supra-sensível, no seio dum processo sensível. Espera que a experiência no laboratório lhe abra uma porta para o invisível.»
Rudolf Steiner
sobre as "Bodas Alquímicas de C.R."
«...toda a nossa natureza humana decidir-se-ia nos primeiros dez números. Tal era a opinião dos sábios dos tempos antigos quando contemplavam os números. O homem não deveria aspirar a ultrapassar os dez princípios originais, correspondentes aos dez primeiros números. Caso contrário, ultrapassaria o domínio que lhe está destinado no mundo espiritual e chegaria à região aterradora das forças e dos poderes da magia negra.»
Louis-Claude de Saint-Martin
in "Des Erreus et des Vérités"
Louis-Claude de Saint-Martin
in "Des Erreus et des Vérités"
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
«A percepção experimental dos sinais permite ouvir a voz de Deus e apreender a sua presença. Todas as vezes que isso acontece, a alma ganha uma beleza mais deslumbrante; cada experiência amplifica a sua semelhança divina torna-a mais conforme ao seu modelo. A experiência do símbolo transforma-se, assim, em experiência espiritual; é deleite, dilatação do coração, estremecimento interior, desabrochar da alma. A experiência espiritual do símbolo atinge a equivalência da experiência mística, a alma transforma-se; iluminada, penetra na via do discernimento e da sageza. Caminha de claridade em claridade, isto é, de símbolo em símbolo, em direcção à luz. Guiada pelo seu amor, enquanto sentido espiritual, descobre a glória de Deus.»
Marie-Madeleine Davy
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
«Em certa época eu tinha um belo livro em minha posse, eu o estudava noite e dia, aprendendo muito bem as operações que descrevia, mas não sabia com que material começar. Isso causava-me grande tristeza, fazia-me solitário, fazia-me suspirar incessantemente. Minha esposa Perenelle, a quem eu amava como a mim mesmo, ficou muito surpresa com meu estado, e então mostrei esse lindo livro a ela, que também enamorou-se dele tanto quanto eu, e tinha extremo prazer em contemplar sua bela capa, gravuras, imagens e retratos, os quais compreendia tão pouco quanto eu. Todavia foi para mim uma grande consolação poder conversar com ela sobre ele, e considerar o que poderia ser feito para descobrir o seu significado.»
Nicolas Flamel
sábado, 7 de janeiro de 2012
«Deseje a sabedoria divina, a capacidade de entender,
Ou não se meta aqui, nem trabalhe com isso.
Pois te custará muita riqueza mundana;
Não confies esse labor a outro, mas faças tu mesmo.
Aprenda, portanto, primeiro a limpar, purificar e sublimar,
A dissolver, congelar, destilar e num certo momento
A conjugar e separar, e a como fazer tudo,
Afim de que quando pensares subir, não caias,
Confie esse trabalho a ti mesmo, e não a outro;
Eu não poderia te dizer mais, mesmo que fosses meu irmão.»
Simon Forman (1552-1611)
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
O Ta´wîl - Henry Corbin
«[O ta´wîl] é, essencialmente, compreensão simbólica, transmutação de todo o visível em símbolos, intuição de uma essência ou de uma pessoa numa Imagem que não é, nem o universal lógico, nem a espécie sensível, e que é insubstituível para significar o que há a significar. (...) Temos de voltar aqui à distinção, para nós fundamental, entre a alegoria e símbolo: a primeira é uma operação racional, não implicando passagem nem a um novo plano do ser nem a uma nova profundidade de consciência; é a figuração, a um mesmo nível de consciência, do que pode ser já perfeitamente conhecido, de uma outra maneira. O símbolo anuncia um outro plano de consciência, diverso da evidência racional; é a "cifra" dum mistério, o único meio de dizer o que não pode ser dito, nem apreendido de outra maneira; nunca "explicado", de uma vez por todas mas, pelo contrário, está sempre por decifrar de novo, tal como uma partitura musical, jamais decifrada, uma vez por todas, mas sempre solicitando uma execução renovada (...) Por essência, o ta´wîl não pode cair no domínio das evidências comuns; postula um esoterismo.»
Henry Corbin
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