«A vontade é essencialmente realizadora, e podemos tudo o que cremos razoavelmente poder.
Na sua esfera de acção, o homem dispõe da omnipotência de Deus; pode criar e transformar.
Este poder deve exercê-lo primeiramente sobre si mesmo. Quando vem ao mundo, suas faculdades são um caos, as trevas da inteligência cobrem o abismo do seu coração, e seu espírito é balanceado sobre a incerteza como se fosse levado sobre as ondas.
A razão então lhe é dada, porém esta razão ainda é passiva, pertencendo a ele torná-la activa; pertence a ele irradiar sua fronte no meio das ondas e exclamar: FIAT LUX!
Torna-se uma razão; torna-se uma consciência; faz-se coração. A lei divina será para ele tal como ele a tiver feito e a natureza inteira para ele se tornará o que quiser.
A eternidade entrará e permanecerá na sua memória. Dirá ao espírito: sê matéria, e à matéria: sê espírito, e o espírito e a matéria lhe obedecerão!
Toda substância se modifica pela acção, toda acção é dirigida pelo espírito, todo espírito se dirige conforme uma vontade e toda vontade é determinada por uma razão.
A realidade das coisas está na sua razão de ser. Esta razão das coisas é o princípio do que é.
[...]
A matéria é auxiliar do espírito; sem o espírito, ela não teria razão de ser e não existiria.
A matéria transforma-se em espírito por intermédio dos nossos sentidos, e esta transformação, sensível somente para as almas, é o que chamamos prazer.
O prazer é o sentimento de uma acção divina. Alimentar-se é criar a vida e transformar, do modo mais maravilhoso, as substâncias mortas em substâncias vivas.
[...]
Só existe verdadeiro prazer, verdadeira beleza, verdadeiro amor, para os sábios, que são verdadeiramente criadores da sua própria felicidade. Eles se abstêm para aprender a bem usar, e quando se privam é para adquirir uma felicidade.
[...]
O orgulho provoca o desprezo, a modéstia atrai o louvor, a libertinagem mata o prazer, a temperança purifica e renova os gozos.
[...]
Quereis atrair, fazei o vácuo. Isto se realiza em virtude de uma lei física análoga a uma lei moral. As águas são filhas das nuvens e dos montes e procuram sempre os vales. Os verdadeiros gozos vêm de cima, já o dissemos: é o desejo que os atrai e o desejo é um abismo.
O nada atrai o todo e é por isso que os entes mais indignos de amor são, às vezes, os mais amados. A plenitude procura o vácuo e o vácuo suga a plenitude. [...]»
Eliphas Levi
in "Grande Arcano"
segunda-feira, 4 de julho de 2011
"O Poder que Cria e Transforma" - Eliphas Levi
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