domingo, 5 de setembro de 2010

Princípios Gerais da Teosofia – Parte II de W. Q. Judge



Segundo a Teosofia, o mundo é o produto da evolução a partir do princípio eterno. Aparecendo com formas primitivas e inferiores de vida, ela é guiada à medida do seu progresso por entidades inteligentes plenamente desenvolvidas provenientes de outras evoluções mais antigas. O mundo inclui igualmente Egos ou espíritos individualizados que são a razão de ser da sua emanação, na qual participam activamente. O homem, tal como o conhecemos, deve então ser considerado como um espírito consciente, a flor mais fina da evolução. As outras classes inferiores de Egos, em estágios menos avançados e pertencentes aos reinos inferiores, progredindo todos igualmente, estão destinados um dia a atingir o nosso estado humano actual. Nessa altura, já teremos nós mesmos chegado a um estado mais elevado.
A consciência do homem, sendo deste modo mais perfeita, é capaz de passar entre os planos de diferenciação já mencionados. Se, por erro, ele toma um ou outro desses planos com a realidade do que ele é na sua essência, é porque se perdeu na ilusão. O objectivo visado pela evolução é dar ao homem a essência completa de si mesmo, de modo a que possa seguir o seu caminho em direcção a estados mais elevados de evolução no conjunto da progressão geral do universo. Uma vez atingido o estado humano, a evolução tende à aquisição da experiência assim como à elevação e purificação dos diversos planos de matéria com os quais o homem tem uma ligação, de tal modo que a voz do espírito se possa fazer escutar e compreender plenamente.
Espírito preso na matéria, o homem é um ser religioso. A matéria é, ela mesma de essência espiritual. Para entrar em contacto com todos os planos da natureza que comportam a evolução é necessário ao homem – que é espírito – utilizar certos veículos. São esses veículos que fazem dele um ser complexo e composto, susceptível de cometer erros, mas ao mesmo tempo capaz de se elevar acima de todas as ilusões e de conquistar os cumes mais altos. Ele é uma imagem em miniatura do próprio universo porque, enquanto espírito, manifesta-se a si mesmo no seio de sete diferenciações. Por essa razão, ele é descrito na Teosofia como um ser séptuplo. Se nos limitarmos à divisão ternário do homem, a divisão cristã – corpo, alma e espírito – esta é exacta, contudo tem dificuldade em responder aos problemas da vida e da natureza e, ao menos de admitir – o que não faz – que cada uma dessas três divisões é, por seu vez, divisível, permitindo obter um total de sete princípios.
Os sete princípios do homem são os seguintes: o Espírito mantém-se só, no cume. Depois vem a alma espiritual ou Buddhi com se designa em sânscrito. Buddhi é, entre todos os princípios, aquele que mais participa do espírito e está ligado a Manas – o Mental em Sâncrito. Estes três princípios constituem, no homem, a verdadeira trindade, o aspecto imortal, a entidade pensante real, que vive sobre aterra através de outros veículos, mais densos, que servem a sua evolução. Abaixo desta trindade, por ordem de qualidade, encontra-se o plano dos desejos e das paixões que é partilhado com o reino animal; desprovido de inteligência, nele se regista a ignorância decorrente das ilusões. Ele é distinto da vontade e do julgamento e deve, por consequência, ocupar este lugar nesta classificação. Sobre o nosso plano encontra-se a vida bruta que se manifesta não como espírito, do qual tira a sua essência, mas como energia em movimento. Sendo comum ao mundo objectivo na sua totalidade, penetrando tudo, deve assim ter este lugar nesta classificação. A parte dessa vida que o homem utiliza é abandonada no momento da morte do corpo. Para terminar, antes do corpo objectivo, , há um modelo ou duplo do invólucro físico exterior. Esse duplo é o corpo astral, pertencente ao plano astral da matéria, menos denso que as moléculas físicas, mas de textura mais ténue e resistente e susceptível de uma duração mais longa. É o modelo original do corpo. Ele permite às moléculas físicas disporem-se e aparecer objectivamente nesse molde que as deixa ir e vir, dia após dia, seguindo o processo incessante que conhecemos, sempre conservando a forma e o modelo do corpo.
Esses quatro invólucros, ou princípios inferiores – desejo, vida, corpo astral e corpo físico – constituem aparte perecível, transitória, do homem e não o homem ele mesmo. Formam, sob todos os pontos de vista, o instrumento que ele utiliza em vida e que é abandonado à hora da morte como uma velha peça de vestuário, que é depois reconstruído a cada novo nascimento com os materiais da grande reserva da Natureza. É a trindade permanente que constitui o homem real, o pensador, a individualidade que passa de mansão em mansão, adquirindo experiência a cada nascimento, provando o prazer e o sofrimento segundo o mérito das suas acções. O homem é aquele que se encontra no centro desse conjunto complexo, como uma unidade: a alma-espírito vivente.

W. Q. Judge
(fonte: www.ihshi.com)

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