domingo, 5 de setembro de 2010

Princípios Gerais da Teosofia – Parte I de W.Q. Judge



A Teosofia assegura que um estudo imparcial da história, da religião e da literatura mostrará a existência, remontando aos tempos mais antigos, de um grande corpo de doutrina filosófica, científica e ética, que forma a base e a origem, nesses domínios, de todas as concepções dos sistemas modernos.
Trata-se de uma doutrina ao mesmo tempo religiosa e científica, que afirma que a religião e a ciência não deviam jamais estar separadas. Ela apresenta ensinamentos religiosos e idealistas sublimes, mas, ao mesmo tempo, faz ver que tudo aquilo que contém pode ser demonstrado pela razão e que não há lugar a outra autoridade sem ser esta. Assim, afasta a hipocrisia que consiste em afirmar dogmas invocando uma autoridade que ninguém pode demonstrar plano racional.
Esse corpo de doutrina arcaica é conhecido como “Religião-Sabedoria” e sempre foi ensinado pelos seus Adeptos, ou seus iniciados, que o têm preservado através das idades. Baseando-nos nessa Religião-Sabedoria e noutras doutrinas igualmente demonstradas, chegamos à conclusão de que o homem, sendo de espírito e natureza imortal, pode perpetuar aquilo que constitui o verdadeiro aspecto da sua vida e da sua consciência. Isto foi sendo sempre realizado ao longo dos tempos por seres pertencentes à mais alta elite da raça humana. Esses seres são membros de uma nobre e antiga fraternidade e consagram-se ao desenvolvimento do homem do ponto de vista da alma, o que para eles, implica um processo de evolução sobre todos os planos. Os iniciados, estando ligados pela lei da evolução, devem trabalhar com a humanidade, na medida em que o estado de evolução desta o permita.
Deste modo, de Idade em Idade, esses seres promulgam incansavelmente a mesma doutrina, que se obscurece periodicamente no seio das nações e nas diferentes partes do mundo. Tal é a Religião-Sabedoria e tais são os seus guardiões. Em dados momentos eles apresentam-se às nações como grandes instrutores ou como “salvadores” que mais não fazem do que voltar a promulgar as antigas verdades e o sistema ético do passado.
Essa Religião-Sabedoria afirma que a humanidade é capaz de um aperfeiçoamento ilimitado, ao mesmo tempo em qualidade até ao infinito dos tempos, sendo esses Adeptos e salvadores apresentados como um exemplo dessa possibilidade.
É dessa fraternidade de homens perfeitos, vivos e activos hoje em dia, que H. P. Blavatsky declara ter recebido as directivas para promulgar, uma vez mais, o conhecimento ancestral. Desses sábios ele recebeu ainda várias chaves que permitem compreender doutrinas antigas e modernas, chaves que tinham sido perdidas no curso das lutas do mundo moderno, em marcha para a civilização. Eles comunicaram-lhe também certas doutrinas na realidade muito antigas, mas inteiramente novas para nós; ela deu-as a conhecer nos seus escritos, ente outras chaves, aos seus companheiros e ao grande público. Assim, para além dos testemunhos de todos os tempos, que se encontram nos anais de todas as nações, é-nos dada esta afirmação moderna, explícita, de que continua a existir sobre esta terra a antiga fraternidade de Adeptos, interessada no desenvolvimento da raça humana e votada ao seu serviço, fraternidade depositária do Conhecimento.
A Tesosofia postula um princípio eterno chamado “Desconhecido”, que não pode jamais ser percebido como um objecto ao alcance do conhecimento, a não ser através das manifestações que lhe são imanentes. Esse princípio eterno está presente em todas as coisas e em todos os seres; ele é todas essas coisas e todos esses seres. Na eternidade do tempo, a partir desse princípio emanam as manifestações que aparecem e desaparecem periodicamente. Nesse fluxo e refluxo, a evolução tem lugar, constituindo o progresso da manifestação. O universo perceptível manifesta-se a partir desse Desconhecido, tanto espírito como matéria, pois, segundo a Teosofia, espírito e matéria não são mais do que dois pólos opostos do princípio único desconhecido; eles coexistem e não são nem podiam ser separados um do outro. Como afirmam as escrituras hindus, não existe nenhuma partícula de matéria sem espírito e nenhuma partícula de espírito sem matéria.
Ao manifestar-se, o espírito diferencia-se sobre sete planos, cada um sendo mais denso que o predecessor, até ao plano apercebido pelos nossos sentidos. A substância de todos esses planos é a mesma, diferindo apenas em grau de densificação. Compreendido desta forma, o universo inteiro está vivo, e nenhum dos seus átomos pode de algum modo ser considerado morto. É igualmente consciente e inteligente, estando a sua consciência e inteligência presentes sobre todos os planos embora obscurecidos sobre o nosso. No nosso plano, o espírito concentra-se em todo o ser humano que o permita por uma escolha deliberada, mas a recusa dessa possibilidade é a causa da ignorância, do pecado, de toda a miséria e de todo o sofrimento.
Desde sempre que certos seres atingiram esse estado elevado, tornaram-se pelo seu desenvolvimento parecidos a Deuses, colaborando activamente no trabalho da natureza. De século em século eles vão alargando o campo da sua consciência e estendendo o alcance da sua mestria a toda a natureza. Esse é o destino de todos os seres: assim, a Teosofia, começando por postular essa possibilidade de aperfeiçoamento da raça humana, rejeita a ideia de uma perversidade inata e propõe um sentido e um objectivo à vida. Esse objectivo está em plena harmonia com os desejos ardentes da natureza real da alma e tende, de uma só vez, a destruir todo o pessimismo e o desespero que tantas vezes com ela fazem par.

 W. Q. Judge
(fonte: www.ihshi.com)

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