sexta-feira, 16 de julho de 2010



P - Quem chega, Mestre do Átrio?
R - Um neófito, Mestre do Claustro.
P - Como vem?
R - Vem cego, nu e pobre.
P - Que quer?
R - A luz, o calor e a vida.
P - Se é cego, como poderá ver-nos?
R - Verei eu por ele, Mestre do Claustro, até que ele veja a luz.
P - Se é nu, como poderá estar connosco?
R - Estarei eu por ele, Mestre do Claustro, até que ele tenha calor.
P - Se é pobre, como poderá pagar-nos?
R - Pagarei eu por ele, Mestre do Claustro, até que ele tenha vida.
P - Como vereis vós por ele, Mestre do Átrio?
R - Vendo e amando-o.
P - Como vestireis vós por ele, M[estre] do Átrio?
R - Vestindo (...)
P - Como pagareis vós por ele, M[estre] do Átrio?
R - Falando eu.


Fernando Pessoa

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