sábado, 24 de julho de 2010

Diferença entre o Espírito e o Corpo - Louis Claude de Saint-Martin




Independentemente das provas numéricas que encontramos nas adições teosóficas de 3 e 4, para nos assegurar que 4 é o número central e 3 um número de circunferência, as leis geométricas nos fornecem provas muito convincentes, para que sejamos capazes de distinguir a nossa origem, da origem da matéria e mostrar a nossa superioridade sobre toda a natureza física, as nossas relações directas com o nosso princípio e a imortalidade do nosso ser, que obteve a vida na própria imortalidade.

Todas estas verdades encontram-se escritas no circuito dividido naturalmente em seis partes. O círculo natural formou-se diferentemente do círculo artificial dos geómetras. O centro atraiu o triângulo superior e o triângulo inferior que reagindo mutuamente manifestaram a vida. É então que o homem quaternário apareceu. Seria de todo impossível encontrar esse quaternário no círculo sem empregar linhas perdidas e supérfluas se nos limitássemos no método dos geómetras. A natureza nada perde; ela coordena todas as partes das suas obras umas pelas outras. Também no círculo regularmente traçado por ela vê-se que os dois triângulos, ao se unirem, determinam a emancipação do homem no universo e o seu lugar em relação ao centro divino; vê-se que a matéria não recebe a vida senão pelos reflexos emanados da oposição que o verdadeiro experimenta em relação ao falso, a luz em relação às trevas, e que a vida desta matéria depende sempre de duas acções; vê-se que o quaternário do homem, engloba as seis regiões do universo e que essas regiões estando ligadas duas a duas, a potência do homem exerce um triplo quaternário na morada da sua glória.

É aqui que se manifestam as leis deste magnífico conhecimento legado a nós pelos chineses; quero dizer o conhecimento do Kéou-Kou. O homem, prevaricando, a exemplo dos primeiros culpados, distanciou-se desse centro divino, em relação ao qual ele tinha sido colocado. Mas, embora tenha ele se distanciado, esse centro permaneceu em seu lugar, pois que nenhuma força pode abalar esse tronco temível: Sedes tua in saeculum saeculi (Salmo XLIV, 7).

Assim que o homem abandonou esse posto glorioso, é a própria Divindade que se encontra prestes a substituir e é quem opera por ele no universo, essa mesma potência da qual ele deixou-se despojar pelo seu crime. Mas, uma vez que ela venha tomar o seu lugar do homem, ela se reveste das mesmas cores relacionadas às regiões materiais onde ele estava primitivamente (a altura do corpo do homem é igual a oito vezes a sua cabeça), uma vez que não pode mostrar-se no centro desse círculo temporal sem se colocar no meio de todas essas regiões. Eis, pois, o que o estudo do círculo natural pode ensinar a quem tem olhos inteligentes. A figura traçada, embora imperfeita (Nota: refere-se à figura presente no livro "Des Nombres), é mais que suficiente para colocar o estudante sobre a senda.



Louis Claude de Saint-Martin

(texto retirado do Boletim da SCA, vol. I, edição II, Maio de 2010)

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