«É um espectáculo bem aflitivo, quando se quer contemplar o homem, o vê-lo ao mesmo tempo atormentado pelo desejo de conhecer, sem perceber as razões de nada e no entanto tendo a audácia e a temeridade de as atribuir a tudo. Em lugar de considerar as trevas que o cercam e começar sondando sua profundeza, ele se adianta, não somente como se estivesse seguro de dissipá-las, mas ainda como se não houvesse obstáculo algum entre a Ciência e ele; logo, inclusive, esforçando-se para criar uma Verdade, ele ousa colocá-la no lugar daquela que deveria respeitar em silêncio e sobre a qual hoje quase não tem outro direito além de desejá-la e esperá-la.
E, com efeito, se ele está absolutamente separado da Luz, como poderá acender sozinho o archote que lhe deverá seguir de guia? Como poderá, por suas próprias faculdades, produzir uma Ciência que resolva todas as suas dúvidas? Os vislumbres e as aparências de realidade que ele acredita descobrir nas ilusões de sua imaginação, não se desvanecem ao mais simples exame? E, após ter criado fantasmas sem vida e sem consistência, não se vê ele forçado a substituí-los por novas ilusões, que logo têm a mesma sorte e o deixam mergulhado nas mais atrozes incertezas?
Feliz, porém, se sua fraqueza era a causa única de seus equívocos!... [...] Mas seus erros se originam mais fortemente na sua vontade desregrada. [...] É então por essa mistura de fraquezas e imprudências que se perpetua a ignorância do homem [...].»
Louis Claude de Saint-Martin
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