domingo, 10 de abril de 2011

Fedeli d´Amore



«[...] os "Fedeli d´Amore" eram um movimento aparentemente literário mas que comportava no seu interior uma verdadeira organização iniciática. O seu tempo de existência é o fecundíssimo século XIII, época que marca o apogeu da civilização da Idade Média, depois desse ponto alto será o começo do declínio, assinalado com a próxima destruição da Ordem dos Templários...
Esta milícia secreta dos Fiéis do Amor, toda ela espiritual, manifesta a sua presença em França, na Provença, na Bélgica e, claro em Itália. Os seus objectivos são o culto da "Mulher única" e a iniciação nos mistérios sublimes do Amor. A "Mulher" simboliza aqui o intelecto transcendente, a Sabedoria. E o Amor? [...]
Amor é, portanto, o contrário da Morte.

[...] Os "Fedeli d´Amore" não são, portanto, um grupo "herético" mas sim um movimento dos que já não reconheciam aos Papas o prestígio de chefes espirituais da Cristandade (mundo ocidental).

Amando um mulher, o adepto poderia, por esse meio, despertar da letargia em que tinha caído o mundo cristão ocidental graças ao papel negativo desempenhado pelo Papa no domínio espiritual - é assim que encontramos nos textos dos "Fedeli d´Amore" alusões a uma viúva "que não é viúva": é a "Madonna Intelligenza", que ficou "viúva" porque o seu esposo o Papa, morreu para a vida espiritual, dedicando-se exclusivamente a assuntos de ordem temporal.

Mas a Mulher amada é também um símbolo - o do intelecto transcendente, a Sabedoria.»


António Carlos Carvalho
in Prefácio do "Esoterismo de Dante" - René Guénon

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