segunda-feira, 23 de abril de 2012



«Há quem pense que os planetas em seu movimento produzem não só a pobreza e a riqueza, a saúde e a doença, mas também a fealdade e a beleza e, o que é mais, os vícios e as virtudes, e as próprias acções que resultam de tais condições; é como se os astros se irritassem com os homens, e os forçassem a cometer actos dos quais não têm que se arrepender, já que foram induzidos pelos planetas.
A razão de os astros procederem assim com os homens não é, segundo dizem, porque os amem, mas porque são afectados pelas várias posições do seu próprio curso, conforme tenham atingido o zénite, ou estejam declinando. Mais ainda: dizem alguns astros maléficos são benfazejos para os homens, e que outros astros são bondosos para os homens são em si mesmos malfazejos. Outra coisa que dizem é que os efeitos dos astros mudam de acordo com a sua posição relativa perante os outros: assim eles seriam diferentes conforme estejam ou não olhando uns para os outros, como se esse olhar ou posição modificasse o que eles são. Se um astro olha para tal outro astro, passa a ser bom, mas fica mau se olhar para um outro, e o resultado varia ainda com a figura ou aspecto.
Finalmente, todos os astros juntos exercem uma influência distinta da de cada um deles, assim como uma mistura de líquidos produz uma mescla que tem qualidades diferentes das de casa um deles.»

Plotino
in Enéadas II, Terceiro Tratado

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