terça-feira, 5 de julho de 2011

"Os Poderes Ocultos no Homem" - Louis Claude de Saint-Martin



Somente ao fazer uso daqueles poderes ocultos tanto na existência corporal do homem como em todas as criaturas na natureza; é que o homem, sendo um extracto do divino, do espiritual, e das regiões naturais, fará com que as sete formas ou poderes, que são as bases de todas as coisas, comecem a agir nele, embora de diferentes formas e níveis, de acordo com sua existência natural, espiritual e divina ou divinizada.
Mas, para agirem em alguma das ordens constituintes do homem, estes poderes devem ser restaurados nele, em toda a sua liberdade original.


Ora, quando o homem olha para si mesmo, sob este aspecto, quando ele leva em consideração a que estado de desordem, desarmonia, debilidade e dependência, a que estes poderes estão reduzidos, em todo o seu ser, a aflição, a vergonha e a tristeza toma conta deste homem, a tal ponto, que todo o seu ser lamenta, e todas as suas essências transformam-se em torrentes de lágrimas.


Nesta enchente de lágrimas, representada, materialmente, pelas chuvas terrestres, o Sol da Vida irradia seus raios vivificantes, e, através da união de Seus poderes, com os germes do nosso próprio poder, manifestam ao nosso ser interior, o sinal do pacto que Ele vem fazer connosco.


Então, Oh Homem, tu és capaz de sentir as dores da Terra, e aquelas de tudo o que compõe o universo; então, por virtude da enorme diferença que há entre o débil estado dos sete poderes, ocultos na terra, e os próprios poderes restaurados do homem, este pode aliviar o sofrimento da terra, porque o homem poderá fazer para ela, o que acabou de ser feito por ele. Em resumo, somente quando o homem apreciar o seu próprio sabat, ou seu próprio repouso, é que poderá ajudar a terra a guardar, por sua vez, o seu sabat.
Só assim, o homem se tornará realmente mestre da Natureza, e será capaz de ajudá-la a manifestar os tesouros encerrados em seu seio, e todos aquelas prodigiosas e maravilhosas obras, com as quais as mitologias e tradições, sagradas e profanas, estão repletas, algumas das quais são atribuídas a Deuses imaginários, mas outras, aos verdadeiros direitos do Homem, quando restaurado em suas faculdades pelo princípio que lhe deu existência.


Desta forma, o homem pode, de certo modo, subjugar os elementos ao seu critério, dispor, à vontade, das propriedades da Natureza, e reter com seus limites, todos os poderes que as compõem, para que possam agir com harmonia.


A acção das propriedades no seu estado de desordem e desarmonia, gera a produção daquelas monstruosidades encontradas nos diferentes reinos da Natureza; assim como aquelas imagens de bestas, e vozes de animais que são vistas e ouvidas, algumas vezes, nas tormentas e tempestades, e que são, a final, necessariamente atribuíveis à aparições ou intervenção dos Espíritos, como está apta a fazer a crença popular.


Mas, se por um lado, a superstição exagera neste ponto; a ignorância e a precipitação filosófica, por outro lado, condenam este tipo de fato muito desdenhosamente. Quando os poderes da natureza estão em harmonia, eles controlam uns aos outros. Em tempo de tempestades, a moderação destes poderes é quebrado; e como eles produzem em si próprios os germes e princípios de todas as formas, especialmente o Som ou Mercúrio, não é de se surpreender, que alguns deles, reagindo mais do que os outros, manifestem, aos nossos olhos, imagens definidas, castelos no ar, e aos nossos ouvidos, vozes de animais.
Tampouco é de se surpreender, que estas vozes e figuras tenham existência tão efémera; elas não podem ter nem vida, nem as qualidades substanciais que resultam da união harmoniosa de todos os poderes generativos. 

 
É claro que eu, de modo algum, excluo a geral colaboração de um Poder Superior, que pode e frequentemente agrega sua acção àquelas dos poderes da natureza, de acordo com os projectos de sua Sabedoria. No entanto, se este Poder Superior pode intervir nas grandes cenas, das quais o Espaço é o teatro, e nós as testemunhas, não deixa de ser verdade que os poderes elementares estão geralmente sob suas próprias leis neste mundo, e, estando sempre prontos a entrar em acção, de acordo com a reação que recebem, eles são suscetíveis a qualquer figura, som, ou outro sinal, análogas a esta reação.


Também é verdade, que, quando o Supremo, age com os poderes elementares, Ele então toma o Homem, mais particularmente, para o Seu objetivo, tanto para estimulá-lo e instruí-lo, se for culpado, como para empregá-lo como mediador, se for um dos trabalhadores do Senhor; pois o Ministério Espiritual do Homem restaurado, estende-se a todos os fenómenos que possa ser manifestado na Natureza.
Como poderia ser de outra forma? Como poderia o Ministério do Homem Espírito, erigido para uma nova vida, não se estender sobre todos os fenômenos possíveis na Natureza, uma vez que nossa regeneração consiste na restauração de nosso ser aos nossos direitos primordiais, e os direitos Primordiais do Homem o chamaram para ser o Agente intermediário e representante da Divindade no Universo.



Louis Claude de Saint-Martin

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