sábado, 2 de julho de 2011

«É a natureza que preside o nosso nascimento, que nos dá um pai, uma mãe, irmãos, irmãs, relações de parentesco, uma posição sobre a Terra, um estado na sociedade; tudo isto não depende de nós, e, para o vulgo, é obra do acaso. Para o filósofo pitagórico, porém, são as consequências de uma ordem anterior, severa, irresistível denominada fortuna ou necessidade.

Pitágoras punha a esta natureza condicional uma natureza livre que, agindo sobre as coisas forçadas como sobre uma matéria bruta, as modifica, tirando delas, livremente, resultados bons ou maus. Esta segunda natureza,, denominada potência ou vontade, regula a vida do homem e dirige sua conduta conforme os elementos que a primeira lhe fornece.

A necessidade e a potência, eis, segundo Pitágoras, os dois móveis opostos do mundo sublunar para onde o homem é relegado, e ambos tiram sua força de uma causa superior que os antigos chamavam Nêmesis, o decreto fundamental, e que nós chamamos Providência.»


Antoine Fabre d´Olivet
in "Versos Áureos"

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