terça-feira, 31 de maio de 2011


«O mito da invenção da arte da escrita, isto é, dos sinais escritos, pelo deus egípcio Toth serve para esclarecer isso. Quando o deus acorreu a Thamos de Tebas com a sua nova descoberta, gabando-se de com ela oferecer aos homens um recurso salvador para a sua memória e portanto para o seu saber, Thamos retorquiu-lhe que a invenção da escrita serviria, ao contrário, para desleixo da memória e para levar o esquecimento às almas, pois os homens confiariam na escrita em vez de gravarem na própria alma a recordação viva.»

Werner Jaeger
in "Paideia" 


segunda-feira, 30 de maio de 2011

«Primitivamente, a cabeça devia ser regida pelo coração; ela só devia servir para engrandecê-lo. Hoje a cabeça do homem reina sobre o seu coração, quando é ao coração que o ceptro deveria pertencer; vale dizer que o amor é superior à ciência, dado que a ciência deve ser apenas o archote do amor e que esse archote é inferior àquele que ele ilumina.»

Louis-Claude de Saint-Martin
«Com que vivacidade duas gotas de água se reúnem, quando chega o instante do seu contacto! Ó verdade! Ó alma do homem! A vossa futura união deverá ser ainda mais activa, quando chegar o momento de vos aproximardes.»


Louis-Claude de Saint-Martin
«Nós produzimos causas, e estas despertam as forças correspondentes no Mundo Sideral. Elas são magnéticas e irresistivelmente atraídas por aqueles que as produzem, e reagem sobre tais pessoas, sejam praticamente os malfeitores, ou simplesmente "pensadores" que nutrem maldades.»


H. P. Blavatsky
in "Doutrina Secreta"

domingo, 29 de maio de 2011

«A prece é a respiração da nossa alma.»

Louis-Claude de Saint-Martin

Grande Arcano - Eliphas Levi




Grande Arcano
Eliphas Levi
Pensamento, Brasil


«Esta obra é o testamento do autor; é o mais importante e o último dos seus livros sobre a ciência oculta.
É dividida em duas partes. A primeira é intitulada: "O Mistério Real ou a Arte de fazer-se servir pelas Forças", e a segunda: "O Mistério Sacerdotal ou a Arte de se fazer-se servir pelos Espíritos".
Este livro não tem necessidade de introdução nem de prefácio; as obras precedentes do autor podem servir-lhe amplamente de prefácio e de introdução.
Nele está a última palavra do ocultismo e foi escrito com a maior clareza que nos foi possível empregar.
Pode e deve ser publicado este livro? Ignoramo-lo ao escrevê-lo.
Se ainda existem verdadeiros iniciados no mundo, é para eles que escrevemos e é só a eles que compete julgar-nos.»

Setembro de 1868
«Despoja-te de todos os envoltórios estranhos; apresenta em sacrifício ao teu Deus uma alma nua, simples e pura, tal como a recebeste de suas mãos.»

Louis-Claude de Saint-Martin
«Homem, pensa então na sublimidade do teu destino. Tens a glória de teres sido escolhido para seres a sede, o santuário e o ministro das bênçãos do nosso Deus, e teu coração pode se nutrir desses deleitosos tesouros, ao mesmo tempo que pode derramá-los nos seus semelhantes.»

Louis-Claude de Saint-Martin

sábado, 28 de maio de 2011

«O homem tem como propriedade especial o dom das realizações e, a mulher, o da prece. A prece faz descer as misericórdias; a realização faz descer o fogo; a misericórdia tudo tem em seu domínio e, sem ela, o fogo seria apenas faiscante.»


Louis-Claude de Saint-Martin
«Dos Deuses aos homens, dos Mundos aos átomos, de uma Estrela a um lampejo de luz, do Sol ao calor vital do mais insignificante ser orgânico - o Mundo da Forma e da Existência é uma imensa cadeia, cujos elos se acham interligados. A lei da Analogia é a primeira chave para o problema do mundo, e estes elos têm de ser estudados coordenadamente nas suas relações recíprocas.»


H. P. Blavatsky
in "Doutrina Secreta"
«O homem é o espírito da mulher e a mulher é a alma do homem; o todo se reúne no superior comum; aí, a mulher liga-se ao espírito puro e o homem encontra a alma pura. Eis o verdadeiro casamento.»

Louis-Claude de Saint-Martin

sexta-feira, 27 de maio de 2011

«Todo o Teosofista... tem a obrigação moral de dar o máximo de si para ajudar, pelos meios ao seu alcance, toda a medida prudente e justa que tenha por objectivo melhorar as condições dos pobres.»

H. P. Blavatsky
in "Chave da Teosofia"

Fragmentos "Da Natureza ou do Ser" - Melisso de Samos



1. O ser sempre foi e sempre será porque, se antes de ser tivesse sido, deveria não ter sido e, se não era, não poderia vir a ser. O que devém, e é, sempre foi, não tem, nem princípio, nem fim, sendo infinito; se deviesse, teria princípio, teria começado, em certo instante. Se não começa, nem acaba, mas sempre foi e será, não tem, nem princípio, nem fim, pois uma coisa não é totalmente se assim não for.

2. Porque é sempre, a sua extensão é infinita.

3. O que tem um princípio, ou um fim, não pode ser, nem eterno, nem infinito.

4. Se não fosse uno, teria de ser limitado por outro.

5. Sendo infinito é uno. Se houvesse dois seres, nenhum deles poderia ser infinito, uma vez que um seria limitado pelo outro.

6. Por isso, o cosmos é eterno, infinito, uno e contínuo; não é aumentável, nem diminuível, nem internamente mutável, nem sofre, nem se desgosta.

7. Sujeito a tais características, não seria uno, podendo tornar-se outro, igualmente contínuo, porque o anterior sucumbiria ao posterior e o Não-ser passaria a Ser. Se o cosmos tivesse mudado, em dez mil anos, nem que fosse a ponta da unha, o cosmos teria perecido, de onde se infere que é imutável, uma vez que a ordem (cosmos) anterior não perece, nem o Não-ser devém Ser. Quando nada se aumenta e nada se subtrai, nem se verificam alterações, como poderia o Ser mudar? Se algo se tornasse outro, o cosmos teria sido alterado; não sofre porque, se sofresse, não seria cosmos, tendo em vista que o que sofre não pode ser sempre, por não dispor da energia de um são. Sofrendo, não seria contínuo, pois sofreria, ou de excesso, ou de carência e o são não sofre, porque, caso contrário, perece, e o Ser transformar-se-ia no Não-ser. Iguais razões valem para o desgosto. Por outro lado, o vazio não existe, o que não é, não pode ser. O Ser é imóvel, por não haver lugar para onde se mudar, porque todos os lugares estão plenos de Ser. Se houvesse caos, ou vazio, poderia ir para o vazio mas, não havendo vazio, não há lugar para onde mudar-se.
Incondensável, indilatável, porque nem o lato, nem o denso, são passíveis de plenitude. Distinção entre pleno e vazio: se alguma coisa pode entrar, ou ser admitida, não há plenitude, mas, se não puder entrar, nem ser introduzida, há plenitude. Por isso, o Ser é plenitude, uma vez que o vazio não existe e, sendo pleno, é imóvel.

8. Eis a prova dos nove em como o Ser é uno, embora haja outras provas, como as seguintes: se houvesse pluralidade de seres, seria necessário que cada um fosse como o Ser. Se forem seres, seria necessário que cada um fosse como o Ser. Se forem seres como a terra, o ar, o ferro, o oiro, o fogo, vivo ou morto, branco ou preto; se todos os demais elementos que os homens consideram verdadeiros; se de facto vemos e compreendemos, é necessário que todas essas coisas se mantenham sempre tal qual as vemos pela primeira vez, sem modificações, sendo como sempre foram.  Ora, nós dizemos que a vista, o ouvido, a inteligência são justos, mas o calor torna-se frio, o frio quente, o duro mole e o mole duro, o vivo morto, ou o nascer do não-vivo.
Tudo se modifica, nada permanece: o anel de ferro, por puro que seja, usa-se no dedo, tal como o oiro, a pedra e todos os outros corpos sólidos. A terra e a rocha transformam-se em água, mas, ao Ser, nem o vemos, nem o conhecemos. Em tudo quanto descrevi não existe a menor coerência; dizemos que há muitas formas eternas, e sólidas, mas o que vemos altera-se e transforma-se.
Por conseguinte, é necessário afirmar que não vemos com verdade, que todas as coisas nos surgem falsamente porque, se fossem verdadeiras, não mudariam, conservar-se-iam como puramente são, uma vez que só a verdade triunfa.

9. Ora, na transformação, o que morre é o que aparece. Se houvesse pluralidade de seres, todos seriam como um só Ser.

10. Se o Ser é, só pode ser uno; sendo uno, não é corpóreo, porque, se tivesse corpo, teria partes e não seria uno. Se o Ser se divide, morre e, movimento, o Ser não é.


Melisso de Samos
(séc. V a.C.)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

«O nosso trabalho, seja ele qual for, tem a marca abstracta do dever. Portanto, não nos atenhamos à sua relativa importância ou não-importância.»

H. P. Blavatsky
in "Ocultismo Prático"

quarta-feira, 25 de maio de 2011

«O "Astral", o opaco "duplo" (tanto no animal como no homem), não é companheiro do Ego divino, mas do corpo terrestre. É a ligação entre o EU pessoal, a consciência inferior de Manas e o corpo. É o veículo da vida transitória, não da imortal


H. P. Blavatsky
in "Ocultismo Prático"
«A filosofia real não pode fazer qualquer escolha arbitrariamente; existe apenas uma verdade eterna, e, na procura da mesma, o pensamento é forçado a viajar ao longo de uma única estrada.»

H. P. Blavatsky

domingo, 22 de maio de 2011

«Esta lei (Karma-Némesis, ou Lei da Retribuição), Consciente ou Inconsciente, não predestina nada nem ninguém. Existe desde e na Eternidade, pois ela é a própria Eternidade. Por isso, desde que nenhum aco pode ser igual à Eternidade, não se pode dizer que Ela age, pois é a própria Acção. Não é a onda que afoga o homem, mas a acção pessoal do infeliz que deliberadamente se coloca sob a acção pessoal das leis que governam o movimento do oceano.»

H.P. Blavatsky
in "Doutrina Secreta"
«A pedagogia pitagórica ordenava-se em dois níveis, havendo dois grupos de aprendizes: os Iniciados, ou Matemáticos, e os Ouvintes, ou Acusmáticos. Os primeiros tinham um conhecimento exaustivo do saber pitagórico, mas os segundos só tinham acesso aos resumos dos seus ensinamentos e desconheciam as suas teses sobre os princípios.»


Porfírio
in "Vida de Pitágoras"
«As seguintes teorias tornaram-se universalmente conhecidas: a alma é imortal, transforma-se em outros seres; os fenómenos naturais são cíclicos, nada existe de novo na terra, tudo se parece. Pitágoras parece ter sido quem primeiramente difundiu estas teses entre os gregos.»


Profírio
in "Vida de Pitágoras"
«Tu eras. E quando o fogo subterrâneo
Romper sua prisão, destruindo a estrutura,
Oh! ainda serás Tu como eras antes.
Também quando o tempo já não existir
Nenhuma transformação conhecerás,
...Mente infinita, divina Eternidade!»

Rig Veda

sábado, 21 de maio de 2011

«Há na alma um princípio superior à natureza exterior; graças a este princípio, podemos ultrapassar a ordem e os sistemas deste mundo e participar da Vida Imortal e na energia das essências celestes.»

Sir Edward Bulwer Lytton
«Qualquer indivíduo de mediana capacidade intelectual, inclinado à metafísica; de vida pura e altruísta, tendo maior prazer em ajudar o próximo do que em ser ajudado; que está sempre pronto a sacrificar-se pelo bem dos outros; que ama a Verdade, a Bondade e a Sabedoria por amor às mesmas, e não pelos benefícios que delas possa auferir - esse é um Teosofista.»

H.P. Blavatsky
in "Ocultismo Prático"

sexta-feira, 20 de maio de 2011

«A vontade do Criador, pela qual todas as coisas foram feitas e receberam seus primeiros impulsos, é propriedade de todo ser vivente. O homem, dotado de uma espiritualidade adicional, tem a maior partilha dessa vontade. Ele obterá maior ou menor sucesso no uso do poder mágico da mesma, proporcionalmente à matéria nele existente.»

H.P. Blavatsky
in "Ísis sem Véu"

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Raymond Bernard

Raymond Bernard
(19/05/1923-10/01/2006)


«(...)Os ideais não são relativos a um determinado tempo. São permanentes, eternos, embora compreendidos de forma diferente, captados de forma diferente. Mas, na realidade, são sempre os mesmos ideais, os mesmos grandes princípios. E a partir do momento em que estes grandes princípios sejam aplicados, a Terra tornar-se-á um lugar paradisíaco, um paraíso. (...)»

 

 

 

«(...) A Cavalaria deve ser, em primeiro lugar, uma testemunha. Os grandes valores, a realidade, as grandes qualidades da cavalaria estão lá e presentes, mas por outro lado, não chega estarem presentes. É preciso agir, não apenas como exemplo, mas intervir quando é preciso. E isto é extremamente importante.

A Cavalaria, os seus objectivos, não mudam nunca. Revestem-se de novos termos, mas mantêm-se os mesmos. E a grande via, a grande, grande via da Cavalaria, a que contém todas as outras possibilidades, todas as outras regras, foi exprimida uma única vez através de termos muito claros: "Amai-vos uns aos outros". Porque, todas as dificuldades com que nos deparamos são devidas ao facto das pessoas não se amarem umas às outras.(..)»




«Prefiro considerar a tomada de consciência pela cavalaria terrestre do seu estado de cavalaria celeste, mas o vosso ponto de partida exprime a mesma conjuntura de uma outra forma... Em todo o caso, esta união ou tomada de consciência, como preferirdes, é a aquisição do Graal, a participação na Ordem de Melquisedec. Neste nível, tudo fica consumado, e os múltiplos caminhos do conhecimento, mesmo os mais aparentemente opostos, reúnem-se. Todos conduzem a Melquisedec e ao mesmo Graal. Em última análise, o homem traz consigo todos os caminhos e aquele que ele escolhe é-lhe deixado à sua escolha e pode tomar o mais curto ou o mais longo, o mais sinuoso ou o mais directo. De qualquer forma, ele chegará ao fim, ou seja, ao fim de si mesmo, da sua tomada de consciência total, ao Graal. Ele  é da Ordem de Melquisedec, mas deve sê-lo conscientemente. As suas viagens na vida não têm outro objectivo senão o de conduzi-lo a esse estádio final. (...)»

 
«Assim como o raio de luz é decomposto pelo prisma nas várias cores do espectro solar, assim também o raio da divina verdade, ao passar pelo trilátero prisma da natureza humana, foi decomposto em vários fragmentos coloridos chamados RELIGIÕES... Combinadas, os seus ensinamentos representam a única verdade eterna; separadas, são apenas sombras do erro humano e os sinais da imperfeição.»


H.P. Blavatsky
in "Ísis sem Véu"

quarta-feira, 18 de maio de 2011

«É somente pela observação da lei da harmonia que no futuro se pode obter a vida individual; e quanto mais e mais o homem interno e externo se desviar desta fonte de harmonia, cuja nascente jaz em nosso divino espírito, mais difícil será reconquistar o terreno.»


H. P. Blavatsky
in "Ísis sem Véu"

terça-feira, 17 de maio de 2011

Hino Órfico à Lua




Ó dulcíssima rainha, ó Selene, ó vigilante Lua,
santo é teu corpo virginal, formosíssima a tua luz.
Ó companheira fiel da Noite e das Estrelas,
Incerta é tua face, ora menina, ora anciã.
Mãe dos séculos, que proteges a todos os homens
pois do sono és a Luz, e a nós ditas e inflamas sinais nos céus.
Amante da alegria, da jovialidade e da paz,
Vem a mim, ó Lua intocada, virgem esplêndida,
radiante e mutante, e protege nas aras minhas oferendas.
«O homem deve crer no seu poder inato de progresso. Não deve apavorar-se pela sua natureza superior, nem acovardar-se pelo eu inferior, material.»


H.P. Blavatsky
in "Ocultismo Prático"


«Nada acontece em vão, mas tudo acontece por determinação de uma causa, e de uma necessidade.»

Leucipo de Abdera
(séc. V a.C.)

"Sabedoria e Filosofia" - Pinharanda Gomes



«A noção de filosofia é pitagórica. O pós-pitagorismo eleva aquela noção matinal, e ainda obscura, à categoria fundamental de ideia e, logo, de sistema, no trânsito gnoseológico que vai de Sócrates ao ciclo aristotélico. Antes da conceptual ironia, ou modéstia, inteligida na filosofia pela escola pitagórica, o que os gregos conheciam era a sophia, a sabedoria. Antepondo o prefixo cinemático do amor ao substantivo, Pitágoras bipolarizava a enteléquia sapiencial em duas metades convergentes: o que é sabedoria, e o que ama a sabedoria. A noção pitagórica define um extremo universal puro, a transcendência, e um extremo singular em ascensão, a imanência. Coloca a sabedoria no céu divino, e o amor como necessidade dela, na terra humana. Como a sabedoria do céu divino é o distante por excelência, e a necessidade da terra humana é o próximo sem dúvida, a inteligência pitagórica como que obriga a descer da vaidade da posse do saber todo, para a realidade do domínio de apenas algum saber. Deste modo, sem negar as vias de acesso ao superno, Pitágoras põe a tónica na imediateidade; adianta, por isso, uma nova visão dos limites humanos. Enquanto a sabedoria é atributo divino, a filosofia é predicado humano. De uma à outra, vai a distância vertical da terra ao céu.»

Pinharanda Gomes
in "A Filosofia Hebraico-Portuguesa"

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Marcha Fúnebre de Siegfried - Richard Wagner

«Shiva, o Destruidor, é o Criador e o Salvador do Homem Espiritual, pois é o bom jardineiro da Natureza. Limpa as ervas daninhas, humanas e cósmicas, e mata as paixões do homem físico, para chamar à vida as percepções do homem espiritual.»

H.P. Blavatsky
in "Doutrina Secreta"

domingo, 15 de maio de 2011

A Tétrade



«O número 10 constitui o número autêntico, porque gregos e bárbaros contam até 10 e, logo que chegam a este numeral, voltam a 1. Pitágoras defende que a energia do 10 depende do 4, ou da tétrade, pelo seguinte: se tomarmos o 1 e lhe adicionarmos os números entre 1 e 4 obteremos 10; mas se juntarmos ao 1 um número superior a 4, obteremos um número maior que 10, ou seja: tomamos o 1, somamos-lhe mais 2, mais 3 e mais 4, obteremos 10. Por isso, em virtude da unidade, este número, embora se encontre no 10, encontra-se potencialmente no 4. Esta razão pela qual os pitagóricos invocam a tétrade, dizendo: "nunca, pelo que nos deu a tétrade, fonte e caminho da vida eterna.»

(Aécio, I, 3, 8)

Hinos Órficos




Dirijo-me somente aos que podem entender,
que as portas do templo se fechem aos profanos!
Escuta, Museu, filho do portador da luz,
vou revelar-te toda a verdade.
Possam os sentimentos outrora teus
não te afastar da preciosa vida.
Contempla o verbo divino, acerca-te dele,
oferece o coração e a inteligência da alma
e, depois, avança para ele, por esse estreito caminho,
pensando que ele é o único rei do Universo.
Ele é uno, a si mesmo se gera, e tudo nele se gerou,
move-se pelo Universo, invisível para os mortais,
embora ele veja tudo de todas as coisas criadas.
Dele derivam, com a felicidade, as guerras sangrentas
e as dores aflitivas.
Não há outro como este rei, que não vejo, pois uma nuvem o dissimula
Nos olhos dos mortais as pupilas morreram
impotentes para verem o todo-poderoso, rei do Universo.
A sua sede encontra-se no bronze celígeno,
o trono aurífero, e tem os pés sobre a terra,
enquanto estende a mão direita para os confins do Oceano,
até aos confins do espaço, enquanto à sua volta fremem
as montanhas, os rios, e, no azul oceano,
as glaucas ondas, coroadas de espuma.


(Eusébio, Preparação evangélica, XIII)

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Fragmento de "Ritos Místicos ou Sobre os Sacrifícios" - Apolónio de Tiana



«É melhor não fazer sacrifício algum a Deus, nem acender um fogo, nem chamá-lo por nenhum nome que os homens dão às coisas sensíveis. Pois Ele está acima de todas as coisas; e só depois Dele vê os outros deuses. Não necessita de nada dos deuses e menos ainda de nós, pobres criaturas; nada do que a terra produz, nem vida alguma que ela sustente, ou mesmo qualquer coisa que o ar límpido contenha. O único sacrifício adequado a Deus por parte do homem é o da sua razão e não o da sua palavra, que sai unicamente dos seus lábios.
Nós, homens, deveríamos procurar o melhor dos seres através da melhor coisa em nós, pois o que é bom age através da inteligência; e a inteligência não necessita de coisas materiais para orar. Assim, pois, a Deus, ao Omnipotente, que está acima de tudo, não devem ser feitos sacrifícios nem acender aras.»

Fragmento de Ritos Místicos ou Sobre os Sacrifícios
Apolónio de Tiana
«Não deixes que os teus sentidos façam da tua mente um parque de recreio.»

H. P. Blavatsky
in
"Voz do Silêncio"
«A construção do Templo de Salomão é a representação simbólica da aquisição gradual da sabedoria secreta, ou magia; do espiritual que se ergue do que é terreno; é a manifestação do poder e esplendor do espírito no mundo físico, através da sabedoria e do génio do construtor. Este, quando se tornar Adepto, será um rei mais poderoso do que o próprio Salomão, o emblema do Sol ou a própria Luz - a luz do real mundo subjectivo brilhando nas trevas do universo objectivo.»

H.P. Blavatsky
in "Ísis sem Véu"
«Pitágoras disse que a medicina é a mais divina das artes. Se a medicina é a mais divina das artes, o médico deve ocupar-se tanto da alma como do corpo. Nenhum ser poderá estar são enquanto a sua parte superior estiver doente.»

Apolónio de Tiana

O Nuctemeron - Apolónio de Tiana



Primeira Hora

Unidos, os daimons louvam Deus,
eles perdem a sua malignidade e a sua ira.


Segunda Hora

Pela dualidade, os peixes do Zodíaco cantam louvor a Deus.
As serpentes ígneas enrolam-se em torno do caduceu e o
relâmpago torna-se harmonioso.


Terceira Hora

As serpentes do caduceu de Hermes entrelaçam-se três vezes.
Cérbero escancara a sua tríplice goela e o fogo entoa louvores
a Deus pelas três línguas do relâmpago.
Quarta Hora

Na quarta hora a alma regressa da visita aos túmulos.
É o momento em que as quatro lanternas mágicas dos quatro cantos
do círculo são acesas. É a hora dos encantamentos e das ilusões.


Quinta Hora

A voz das Grandes Águas entoa ao Deus das Esferas Celestiais.


Sexta Hora

O Espírito permanece impassível.
Ele vê o monstro infernal vir ao Seu encontro e está sem medo.


Sétima Hora

Um Fogo que dá vida a todos os seres animados,
é dirigido pela vontade de homens puros.
O Iniciado estende a mão e o sofrimento transforma-se em paz.


Oitava Hora

As estrelas conversam entre si.
A alma dos sóis responde ao suspiro das flores.
A corrente da harmonia faz todos os seres
da natureza harmonizarem-se entre si.


Nona Hora

O número que não deve ser revelado.


Décima Hora

A chave do ciclo astronómico
e do movimento circular da vida dos homens.


Décima Primeira Hora

As asas dos Génios movimentam-se com
um misterioso rumorejar. Eles voam de esfera a esfera
e levam as Mensagens de Deus de mundo a mundo.


Décima Segunda Hora

Aqui se realiza, pelo Fogo, a Obra da Luz Eterna.


quarta-feira, 11 de maio de 2011

«A oração é uma acção enobrecedora quando é um intenso sentimento, um ardente desejo emitido de nosso próprio coração para o bem de outros, e quando inteiramente isento de qualquer objecto egoísta, pessoal.»

H.P. Blavatsky
in "Doutrina Secreta"

A Hermes - Hino Órfico



HERMES, aproxime-se e ouça minha prece com bondade,
Arauto de Zeus e Maia, de divina procedência
Conhecedor de competições, regente da humanidade,
Em seu coração só poder, e na mente prudência.
Mensageiro Celestial, de habilidades variadas,
Cujas artes mataram a Argus, aquele que é sempre alerta,
Através do ar caminha, com suas sandálias aladas,
Oh, amigo dos homens, e do discurso, o grande profeta
Aquele que apóia a vida, a ti a alegria pertence
assim como as artes, a ginástica e a fraude divina
Que com o poder da linguagem o homem convence
Que é fonte de todo lucro e protege os amantes da jogatina
Cuja mão segura seu brilhante cajado
abençoado deus de providência e abundância
De várias línguas, cujo auxílio é sempre encontrado
Que diante das necessidades mostra sua benevolência
Que os homens reverenciam, aquele que torna a palavra uma arma
Esteja presente, Hermes, e escute a meu chamado
Ajude minha obra, e conclua minha vida com paz de alma
um espírito dotado de memória e de palavras escolhidas.





Hino Órfico a Hermes

Iniciação Maçónica - Fernando Pessoa




«No primeiro grau desta verdadeira iniciação, o candidato tem a tarefa de matar (em si) os três assassinos do Mestre, os três elementos que se opõem nele à lei da Natureza – o desejo do supérfluo, a crença na inteligência, a impulsão de dominar (a vontade de poder de Nietzche), ou numa linguagem mais simples, a ambição, o orgulho e a vaidade. Isto, de resto, é-lhe já indicado obscuramente no próprio começo da sua vida iniciática, quando é despojado dos metais. Tecnicamente é despojado do ferro, da prata (que é a moeda de compra) e do ouro (que é a moeda que encanta) – metais regidos, respectivamente, por Marte, Lua e Sol, e significativos da ambição, da vaidade e do orgulho. Quando os três assassinos são mortos na alma do aspirante, ele fica pronto para avançar no segundo grau desta ascensão para Deus. A tarefa do candidato é encontrar a Palavra.»

Fernando Pessoa

terça-feira, 10 de maio de 2011

«Através da alegria e da tristeza, da dor e do prazer, a alma chega ao conhecimento de sim mesma; depois inicia a tarefa de aprender as leis da vida, para que as discórdias sejam resolvidas e a harmonia restaurada.»


H. P. Blavatsky
in "Lúcifer"

domingo, 8 de maio de 2011

«O nosso Ego leva uma vida própria dentro da sua prisão de argila, sempre que se liberta das trevas da matéria, i.é., durante o sono do homem físico. Este Ego é o actor, o homem real, o verdadeiro ser humano. Mas o homem físico não pode sentir-se ou estar consciente durante os sonhos, pois a personalidade, o homem externo e o seu aparato cerebral e pensador estão quase totalmente paralisados.»

H.P. Blavatsky

sexta-feira, 6 de maio de 2011

«Ora, onde se deve sacrificar, também aí se deve orar. É por isso que a nossa oração não carece de linguagem. [...] Pois não foram as palavras que Ele lhe ensinou, mas as próprias coisas cujas palavras não fazem senão despertar a sua atenção sobre a quem deviam orar e sobre o objecto da sua oração, uma vez que eles rezariam, como o dissemos, no Santuário da Alma

Santo Agostinho
«O Karma-Némesis... pune o malfeitor, até o seu sétimo renascimento, i.é., até que seja reajustado o efeito do seu acto de ter perturbado até mesmo o menor dos átomos no Infinito Mundo de Harmonia.»

H.P. Blavatsky
in "Doutrina Secreta"

Melro - Druid Dhubh


«Um dos nomes gaélicos para melro, Druid Dhubh, significa o Druida Negro. Druid Dhubh é um pássaro que canta belíssima e melodiosamente ao crepúsculo e mesmo mais tarde. O crepúsculo é uma altura tremeluzente - um momento de transição entre uma realidade e a outra. Estes momentos intermediários consideram-se especialmente significantes na tradição druídica. O melro canta-nos à medida que o mundo muda à nossa volta - à medida que a luz do dia, a consciência e o mundo concreto dão lugar à lua do Inconsciente, do Outro Mundo.»

Phillip e Stephanie Carr-Gomm in "Oráculo Animal dos Druidas"



A Tradição do Melro
Dia de Maio, bela estação,
Momento perfeito do ano,
O poema do Melro é a canção
Ao primeiro raio de sol ameno

Irlandês, séc. IX





quinta-feira, 5 de maio de 2011


«Esta ardente prece do fundo do meu peito:
Protegei sempre o meu pequeno e gracioso jardim, afastai
De mim qualquer mal, e quando Amor me estender a mão
E eu confiar no velhaco, oh dai-me então
Sem preocupação nem receio e sem perigo o prazer.»

Goethe

Eros e Psique - Fernando Pessoa




Conta a lenda que dormia 
Uma Princesa encantada 
A quem só despertaria 
Um Infante, que viria 
De além do muro da estrada. 

Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.
 
A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.
 
Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.
 
Mas cada um cumpre o Destino
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.
 
E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sonho ela mora.
 
E, inda tonto do que houvera,
A cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.
 
 
Fernando Pessoa

A Eros - Hino Órfico



Ao amor
Invoco o grande, o puro, o terno e grandioso Amor,
O deus alado, arqueiro, ágil, vivo e ardente
Que brinca com os deuses e com os mortais,
Deus múltiplo e astuto, detentor das chaves deste mundo,
Do céu etéreo, do mar, da terra, de todos os sopros
Nutrientes com que a deusa verdejante cumula os homens
E das chaves do vasto Tártaro e do Oceano ruidoso
Pois só tu tens nas mãos o timão de todas as coisas
Ó bem-aventurado, insufla nos mistas santos arrebatamentos
E afasta para bem longe deles os desejos aberrantes.
(Hino Órfico LVIII – A Eros)
«Tolera-me aqui, Júpiter, e mais tarde Hermes me guiará
Suavemente passando pela pirâmide, para baixo até ao Orco.»

Goethe
«Podemos designar o espírito e a alma como os centros centrífugo e centrípeto, respectivamente, das energias espirituais. Quando em perfeita harmonia, ambas as forças produzem um resultado. Interrompei ou dificultai o movimento centrípeto da alma terrena dirigindo-se para o centro que o atrai; detende o seu progresso obstruindo-o com um peso de matéria maior do que o que ele pode suportar, e a harmonia do conjunto, que é a sua vida, será destruída.»

H. P. Blavatsky
in "Ísis sem Véu"

quarta-feira, 4 de maio de 2011

segunda-feira, 2 de maio de 2011

«A natureza (no homem) deve torna-se um composto de Espírito e Matéria antes que se torne o que ele é, e o Espírito latente na Matéria deve ser despertado gradualmente à vida consciente. A Mônada tem de passar por suas formas mineral, vegetal e animal para que a Luz do Logos passe a brilhar no homem animal. Portanto, até então, ele não pode ser mencionado como "homem", mas tem de ser encarado como simples Mônada aprisionada em formas sempre em mutação.»

H. P Blavatsky
in "Doutrina Secreta"

Beltane