sábado, 8 de janeiro de 2011

Iniciação Martinista



"Irmão, irei lhe transmitir a I. de acordo com o nosso V.M. Louis-Claude de Saint-Martin, tal como eu a recebi de meu iniciador, tal como ele próprio a recebeu, e assim por diante até Louis-Claude de Saint-Martin em pessoa, por mais de cento e cinquenta anos....(...)

(...)

"Recebei, ó Senhor, sob os votos do Filósofo Desconhecido, nosso V.M., a homenagem que Teus servos aqui presentes Te prestam! Que esta Luz misteriosa ilumine nossos espíritos e nossos corações, como ela resplandeceu nas obras dos nossos mestres do passado. (...)

(...)

Então, um dos assistentes finalmente coloca a Máscara enblemática, símbolo do Silêncio e do Segredo sobre a face do Iniciando. Um outro o revestiu com o Manto Sagrado, símbolo da Prudência. E um terceiro o cingiu com o Cordão, recordando a "cadeia da Fraternidade".

(...)

Possai vós, meu irmão, justificar as palavras do Zohar: Aqueles que possuíram o Divino Conhecimento brilharão com o esplendor dos Céus...Mas aqueles que o ensinaram aos Homens, sob os Votos da Justiça, brilharão como as Estrelas por toda a Eternidade!"....

O Iniciador e o Iniciado voltam-se para o círio solitário, para a chama imovedoura a qual velam as Almas dos "Mestres do Passado":

"Irmãos, eu vos apresento N..., Superior Incógnito de nossa Ordem e rogo-vos de aceitá-lo entre nós"....

Uma extraordinário angústia envolve o coração de todos os assistentes. No Oratório, onde o fumo do Incenso resseca as gargantas, dançam, dançam, não são os vivos que parecem ser os mais reais. E sob os grandes mantos, as máscaras, as faixas de seda branca, atrás da luminescência dos gládios, poderiam crer que somente os mortos seriam vistos...Muito pelo contrário, os mais vivos, são os Mortos da Ordem, os "Mestres do Passado", todos ao redor!

À chamada da Palavra, todos estão presentes. Apesar dos séculos, eles estão lá, fiéis ao encontro mágico: Henri Kunearth, o autor do Anfiteatro da Sabedoria Eterna... Séthou, o prestigiado "Cosmopolita", morto pelos instrumentos de tortura do Eleitor da Bavária...Cornelius Agrippa, médico e alquimista de Carlos V, morto por causa da miséria e da fome... Christian Rosenkreutz, peregrino da Sabedoria... Jacob Boehme, o sapateiro iluminado... Robert Fludd, homem de maravilhosa inteligência, morto em uma masmorra inquisitória... Francis Bacon, suspeito de haver sido o grande Shakespeare... Martinez de Pasqually, o "Mestre" que ousou evocar os anjos... Louis Claude de Saint-Martin, o porta-voz do "Filósofo Desconhecido"... Jean-Baptiste Willermoz, depositário fiel de seu mestre Martinez... e todos os outros cujos nomes escapam, e que, oficiais, grandes nobres, ou pobres camponeses, sob o grande manto negro do peregrino sob o topete empoeirado, levaram aos quatro cantos da velha Europa durante esse libertador século XVIII que finalmente se realiza o "grande desejo" dos Rosa+Cruzes, o misterioso eco da "Palavra Perdida"...

E, dominando todas estas sombras, eis que um outro se ergue, fazendo-se passar pelo Oratório, como um grande sopro vindo das regiões onde paira o Espírito, a própria Alma de todas as Fraternidades! Eis que, misteriosa, mas inspiradora, inumana, mas divina, incognoscível, mas iluminadora, eis que passa a sombra de..."



"O Martinismo - História e Doutrina"
Robert Ambelain, Paris, 1946

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